quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz - 1 Janeiro 2015


O Papa Francisco denuncia na sua mensagem para o 48.º Dia Mundial da Paz o “fenómeno abominável” da escravatura e do tráfico de pessoas, apelando ao compromisso de governos, empresas, religiões e sociedade civil. “Ainda hoje milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura”, escreve, no texto apresentado esta manhã pelo Vaticano. Na segunda mensagem para esta celebração anual, assinalada a 1 de janeiro, o Papa escolheu como tema ‘Já não escravos, mas irmãos’, condenando a “rejeição do outro, maus-tratos às pessoas, violação da dignidade e dos direitos fundamentais, institucionalização de desigualdades”. Francisco fala sobre as “múltiplas faces da escravatura”, recordando trabalhadores e trabalhadoras, incluindo menores, “escravizados nos mais diversos setores”; os imigrantes remetidos para a clandestinidade ou para “condições indignas” de vida e trabalho. “Sim! Penso no «trabalho escravo»”, alerta o Papa, desafiando as empresas a “garantir aos seus empregados condições de trabalho dignas e salários adequados” e a “vigiar para que não tenham lugar, nas cadeias de distribuição, formas de servidão ou tráfico de pessoas humanas”. A mensagem alude ainda às redes de prostituição, aos casamentos forçados, ao tráfico e comercialização de órgãos, às crianças-soldados, aos pedintes, ao recrutamento para produção ou venda de drogas e a formas disfarçadas de adoção internacional. O Papa chama a atenção para “aqueles que são raptados e mantidos em cativeiro por grupos terroristas”, servindo como “combatentes” ou como “escravas sexuais”. “O flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade”, assinala a mensagem. Face à dimensão atual do problema, Francisco propõe um compromisso global de “prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra os responsáveis” pelas formas de escravatura e tráfico humanos. “Tal como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar os seus objetivos, assim também a ação para vencer este fenómeno requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes atores que compõem a sociedade”, explica. O Papa espera uma “mobilização de dimensões comparáveis às do próprio fenómeno” para combater o “flagelo da escravidão contemporânea”, pedindo às instituições e a cada um que “não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade”. No início deste mês, o Papa uniu-se a vários líderes religiosos mundiais, no Vaticano, numa declaração comum pela erradicação da escravatura até 2020.Francisco refere que as sociedades humanas conhecem o fenómeno da escravatura “desde tempos imemoriais” e que esta foi formalmente abolida no mundo “na sequência duma evolução positiva da consciência da humanidade”. “Na raiz da escravatura, está uma conceção da pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objeto”, precisa. Partindo da Bíblia, o Papa assinala que, como irmãos e irmãs, “todas as pessoas estão, por natureza, relacionadas umas com as outras” e que a “a realidade negativa do pecado” interrompe esta fraternidade. A mensagem para o Dia Mundial da Paz 2015 deixa uma oração “a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais”.
Fonte:  (Ecclesia)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

"Natal - o discreto silêncio de Deus"

Para não andarmos à procura de um Deus que afinal está no meio de nós

ImagemD.R.
Por mais avassalador que seja o volume de informação que diariamente ingerimos, nunca saberemos o suficiente sobre o que se passa no mundo.
Por mais compêndios que estudemos acerca de história, ciências e artes, sempre ficará por compreender, no seu todo, o incomensurável mistério do homem. 
Vamos, por isso, percebendo aos poucos que a maior parte de nós não se diz nem se explica. Mergulha no profundo lago do simbólico e na expressão nebulosa de todas as nossas perguntas lógicas sem resposta. Ou melhor: é na simplicidade última das palavras e dos gestos que dizemos o mais sublime que há em nós e no mundo. 
À medida que vamos tateando esta teia do incompreensível e do indizível, na pesquisa inquieta do infinito que há dentro e fora de nós, como que vamos pressentindo a alma das pessoas numa aproximação desconcertante a Deus. Pessoa. Sem o sabermos dizer por inteiro, nem por inteiro o compreendermos. Socorremo-nos do rito, que parece estreito, emocional, impercetível e até ilógico. Mas é aí que encontramos algum conforto naquilo que queremos e não sabemos dizer. 
O Natal tem dois mil anos acumulados de narrativas, expressões, culturas, adulterações, aproveitamentos. E apetece-nos, por vezes, rejeitar os adereços que cruzam pensares, dizeres e interesses alheios ao sobrenatural. Mas é nosso dever tentar, até à exaustão, descobrir os ritos que o mundo de hoje, muito fragmentariamente, oferece de simplicidade, beleza, solidariedade, compaixão, reconciliação, encontro de família, gestos de ternura, a que só falta um nome que aos cristãos compete explicitar: Jesus. O Natal tem excessos de verniz e clarões de brilho fátuo. Mas interessa potenciar e até reconverter estes signos que se escondem na aparente profanidade das manifestações sociais. 
Importa ouvir esse sermão que ressoa do deserto, por outras palavras, e repete elementos essenciais da mensagem de Jesus há dois mil anos proclamada. Para não andarmos aturdidos à procura dum Deus que afinal está no meio de nós. 


Título original do texto: "Natal - o discreto silêncio de Deus"



António Rego 
In "Um ramo de amendoeira", ed. Paulinas 
Publicado em 07.12.2014
Fonte: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Festa da Avé Maria




Imaculada Conceição


Maria Imaculada, dá-nos: 
Um pouco da tua força na minha fraqueza, 
Um pouco da tua coragem no meu desalento, 
Um pouco da tua luz para a minha escuridão, 
Um pouco da tua chama para o meu gelo, 
Um pouco da tua luz para a minha noite, 
Um pouco da tua alegria para a minha tristeza, 
Um pouco da tua sabedoria para a minha ignorância, 
Um pouco do teu amor para o meu egoísmo, 
Um pouco do teu carinho para a minha indiferença,
Um pouco da tua esperança para os meus desesperos,
 
Um pouco do teu amor a Deus para a minha pouca fé, 
Um pouco da tua felicidade para a minha sede de vida. 
Tudo isto Te pedimos, Mãe Imaculada,
porque te encontras no meio de nós
e nos escutas com amor de mãe. 
Ámen.